"Musica" nova

Elis Regina, Chico Buarque, Tom Jobim, Toquinho, Vinicius de Moraes, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia. O que aconteceu com os grandes nomes da música popular brasileira?
Tomo como exemplo a grandiosa Elis Regina, a Pimentinha. Sua voz, doce, mas firme, seus ritmos que mesclam o mais fino da bossa nova, a MPB e o jazz americano, suas grandes composições, seus protestos sutis contra a Ditadura Militar escondidos em seus versos... E que, infelizmente, calou-se no auge de sua carreira. E digo isso sem nenhum saudosismo!
Um estilo musical intimista, pessoal, tocante, infelizmente, ficará apenas na memória daqueles que puderam viver aqueles anos incríveis e inesquecíveis. Suas vozes vão sendo apagadas e dão espaço para bandas novas e suas faixas meramente comerciais.
É realmente uma tarefa difícil rodar o dial das rádios hoje em dia. Com um grande pesar, é possível ouvir as mesmas faixas, repetidamente, em várias freqüências em um intervalo de quinze minutos. Não citarei nomes aqui, mas acho que os leitores terão alguma idéia sobre o que estou falando.
As mesmas batidas computadorizadas são ouvidas, quase que sem nenhuma alteração, em faixas completamente diferentes. Seria isso culpa da modernização dos computadores e da possibilidade de alterar músicas? Ou seria apenas culpa do passar do tempo, dos pensamentos constantemente mutantes da juventude e da falta de educação musical?
Felizmente, ainda existe alguma esperança. As antigas vozes, as letras tocantes, as sutilezas da bossa e do jazz, podem ser vistas em alguns artistas da atualidade. São raros, mas existem. Um grande exemplo disso é a cantora Maria Rita, com suas canções tocantes misturadas com composições de grandes nomes, sua voz impecável e seus inegáveis genes musicais.
Acredito que um dia, a sanidade voltará às mentes juvenis, o bom gosto e a cultura reinarão e as vozes imortais dos anos de chumbo poderão ser ouvidas com mais freqüência.

texto de Caue Rodrigues
texto publicado em meu blog a pedido do escritor do texto.